Desertos são lugares áridos, com pouca vida e de difícil habitação, certo? Só que um homem acreditou na força dessa terra dita pobre e criou uma floresta em meio ao terreno desértico do país africano Burkina Faso, entre o Sahara e o golfo da Guiné. O grande benfeitor dessa proeza chama-se Yacouba Sawadogo, agricultor de origem simples, mas de grande fibra e persistência. Ele conseguiu trazer esperança para milhares de pessoas, mudando o destino de desertificação das terras no norte de seu país.
Qual o segredo desse sábio homem? Ele utilizou uma antiga técnica agrícola de seus antepassados, chamada Zai. Essa técnica não só promoveu maior qualidade do solo, mas também permitiu o crescimento de uma floresta! O trabalho de recuperação do solo consiste em fazer pequenos buracos no chão, preenchendo-os com adubo de fezes de animais e depositando as sementes ali. Quando ocorre a estação das chuvas, esses buracos retêm água, mantendo a umidade e nutrientes necessários para superar a estação mais seca.
Ao longo de 20 anos, Yacouba conseguiu transformar uma área completamente estéril em uma floresta de 30 hectares, com mais de 60 espécies de árvores diferentes. Absolutamente incrível! Como se não bastasse, ele resolveu compartilhar seus conhecimentos com outras pessoas, permitindo que outros também vençam as asperezas da seca.
Suas realizações foram tão importantes que até o cineasta britânico Mark Dodd fez um documentário sobre sua história. Será que a pequena, porém grandiosa, ação de Yacouba pode ajudar nossos amigos brasileiros do sertão nordestino? Percebemos, a partir da experiência africana, que não é um grande bicho de sete cabeças recuperar solos impróprios para cultivo. No entanto, a indústria da seca parece ser mais lucrativa. Quantias exorbitantes de dinheiro foram gastos em obras da transposição do Rio São Francisco, que até hoje mal saiu do papel.
Como provou Yacouba, não é preciso gastar rios de dinheiro, nem mesmo transpor um dos principais leitos da região nordestina para resolver o problema da seca. E agora, José?
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